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    uma vez se comemora o Dia da Árvore. As tradicionais cerimônias 
    de plantio de mudas se repetem desde que os Estados Unidos, adotaram o dia 
    22 de abril como o Dia da Árvore. A data coincide com o aniversário 
    de J. Morton, um morador de Nebrasca que incentivou a plantação 
    de árvores naquele Estado. O Brasil foi um dos poucos países 
    que não seguiu o exemplo dos EUA e escolheu o dia 21 de setembro para 
    celebrar a árvore. A decisão foi tomada há 30 anos, considerando 
    que os povos indígenas brasileiros sempre cultuaram as árvores 
    à época das chuvas ou quando se preparava a terra para semear. 
    Então se adotou a data que marca a entrada da primavera.
    
    Enquanto as florestas 
    de todo o mundo continuam sendo devastadas e até mesmo a Mata Atlântica 
    segue tendo suas árvores derrubadas, na região das Agulhas Negras, 
    formada pelos municípios de Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis, 
    ainda resta 22,25% da área original de Mata Atlântica, totalizando 
    46.835 hectares. A média está acima do índice nacional, 
    de apenas 7%. A maior área de floresta pertence ao município 
    de Resende, com 32.994 hectares, e a menor a Porto Real, com apenas 86 hectares 
    ou 2% de seu território.
    
    Os dados são 
    da Fundação SOS Mata Atlântica, que em parceria com o 
    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), levantou a situação 
    da Mata Atlântica em todos os municípios onde este ecossistema 
    ocorre. Os números podem parecer animadores, mas em muitos casos correspondem 
    à soma de pequenos fragmentos florestais que, isolados, não 
    são capazes de garantir a manutenção da biodiversidade, 
    com suas diversas formas de vida, animais e vegetais, típicas da nossa 
    floresta. As grandes manchas de vegetação nativa contínua 
    estão nas serras da Mantiqueira e do Mar, incluindo os parques nacionais 
    do Itatiaia e da Bocaina.
    
    Vejamos os números 
    de outros municípios da região: Volta Redonda, 13%; Barra Mansa, 
    9%; Piraí, 35%; Pinheiral, 13%; Barra do Piraí, 17%; Angra dos 
    Reis, 79%; Parati, 80%; Pinheiral, 13%; Rio Claro, 45%. Apenas para comparar, 
    a cidade -município do Rio de Janeiro possui 16% ou 17.358 hectares, 
    boa parte graças ao Parque Nacional da Tijuca.
    
    A conclusão 
    é que vivemos numa área ainda privilegiada, por diversos fatores, 
    destacando: boa capacidade de regeneração da floresta tropical, 
    aumento da consciência ambiental da sociedade e fortalecimento da capacidade 
    de fiscalização dos órgãos públicos. Mas 
    o privilégio é proporcional à responsabilidade que os 
    próximos prefeitos e vereadores devem assumir para que não haja 
    retrocesso. Para tanto é preciso urgentemente recuperar a vegetação 
    das margens dos rios, tendo em conta facilitar a formação de 
    corredores ecológicos entre os fragmentos florestais. Fundamental também 
    é coibir a extração irregular de palmito e a ocupação 
    de áreas de preservação, de forma paralela à implantação 
    de boas políticas habitacionais e turísticas.
    
    Mata 
    Atlântica
    
    Levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica revela que 
    a floresta apresenta um alto grau de endemismo e a maior diversidade de espécies 
    arbóreas, por hectare, do mundo. É o habitat natural de 10 mil 
    espécies de plantas (quase a metade exclusiva do Brasil), 131 espécies 
    de mamíferos (50 delas endêmicas), 620 de aves e 260 de anfíbios. 
    A vasta maioria dos animais e plantas ameaçados de extinção 
    no Brasil esta representada nesse bioma e, das sete espécies brasileiras 
    consideradas extintas em tempos recentes, todas se encontravam distribuídas 
    na Mata Atlântica. Além disso, os mananciais fluviais da Mata 
    Atlântica são a garantia de abastecimento de água potável 
    para mais de 100 milhões de pessoas ou 60% da população 
    brasileira.
Luis Felipe Cesar
Ambientalista, 
    
    coordenador de projetos ambientais 
    da ONG Crescente Fértil
    Empreendedor social da Rede Ashoka  
Contato: 
    felipe@crescentefertil.org.br
    
