Nesta
semana começa a quarta versão do Fórum Social Mundial,
de 26 a 31 de janeiro, em Porto Alegre. O evento terá a maior estrutura
de todas as edições: Serão 700 computadores, mais de
1 mil pontos de acesso à internet, 30 cybercafés, 11 centrais
de informações e 203 salas destinadas aos participantes das
2 mil atividades do Fórum. Dentre as novidades, haverá dois
pontos da cidade com acesso wireless - internet por ondas de rádio:
a Usina do Gasômetro e o Acampamento da Juventude. Tudo para juntar
esforços na reconstrução e reencantamento do mundo.
Mais uma vez a ONG
resendense Crescente Fértil estará presente, realizando uma
oficina de mobilização pelos ecossistemas de montanha, como
parte das atividades de fomento a uma política nacional para essas
áreas, que fornecem diversos serviços ambientais às cidades
e seus moradores.
As montanhas são
responsáveis pela captação do vapor de água que
forma as nuvens e sua condensação na forma de chuva. Quando
as florestas estão preservadas a vegetação e o solo capturam
parte de suas águas, garantido uma razoável regulagem do fluxo
dos rios, mesmo durante as épocas mais secas. Se as encostas estão
desmatadas a totalidade da chuva escorre imediatamente para os vales, resultando
em desequilíbrio hídrico, com enchentes violentas e secas intensas.
A legislação
ambiental limita profundamente as atividades econômicas dos proprietários
de florestas em áreas montanhosas, cuja função social
é, sem duvida, de relevante interesse público. Mas muitos acabam
vendendo suas terras, engrossando as periferias urbanas, enquanto outros,
sustentados pela ideologia, insistem em buscar alternativas que compatibilizem
a conservação florestal e a geração de renda.
Estes são minoria, que sofrem com ausência de incentivos e ainda
com o roubo de palmito, bromélias, orquídeas...
Para reverter a
situação precária de quem detém terras preservadas
produtoras de preciosos bens da vida – água, oxigênio,
regulação do clima, opções de lazer etc –
é preciso estudar e implementar meios de compensação
para esses serviços ambientais. A cobrança pelo uso dos recursos
hídricos, ora aplicada no Rio Paraíba, poderá ser um
instrumento que favoreça a construção de um modelo pioneiro,
de enorme valor para toda a sociedade.
Em Porto Alegre,
juntemos a diversidade mundial para repensar o mundo. Em nossa região,
pensemos em aplicar propostas inovadoras e começar grandes transformações.
Luis Felipe Cesar
Ambientalista,
coordenador de projetos ambientais
da ONG Crescente Fértil
Empreendedor social da Rede Ashoka
Contato:
felipe@crescentefertil.org.br