O
mundo e a mídia se esqueceram da guerra no Iraque e agora todo o
interesse se volta aos tsunamis. A tragédia carrega em si alguns
elementos úteis para a reflexão sobre nossa impermanencia
na Terra. Não há nenhuma relação científica
das ondas gigantes com os maus tratos que a humanidade impõe ao planeta,
mas a imensidão de seu impacto parece dizer para irmos devagar, cuidar
melhor dessa casa redonda, azul, sem nenhum vizinho habitável que
seja conhecido por nós.
Se
pensarmos nas grandes mudanças que o planeta já sofreu, como
a que causou a extinção dos dinossauros e a era glacial, o
terremoto oceânico é um pequeno fenômeno, pouco mais
que um espirro de Gaia, o planeta vivo. Atingindo regiões turísticas,
afetou pessoas de muitos países do mundo. A Terra é muito
mais forte do que seus habitantes.
Curiosamente,
não houve vítimas entre as tradicionais e antiqüíssimas
comunidades dos jarwas, onges, shompens, sentenaleses e grande andamaneses.
Também não se encontraram animais mortos, apesar da existência
de áreas protegidas onde vivem elefantes e grandes felinos. Sentidos
aguçados, percepção afinada e conhecimento da Natureza
são fatores de sobrevivência nos momentos de crise.
Tragicamente,
a onda, ao recuar, deixa mais do que escombros e corpos: revela a disparidade
entre os orçamentos militares e de ajuda humanitária. Mas
oferece à Organização das Nações Unidas,
a ONU, chance de recuperar sua força de ação solidária,
como articuladora da paz e da ajuda sem fronteiras.
Luis
Felipe Cesar
Ambientalista,
coordenador de projetos ambientais
da ONG Crescente Fértil
Empreendedor social da Rede Ashoka
Contato: felipe@crescentefertil.org.br