Seminário de Mobilização para os Ecossistemas de MontanhaAno Internacional das MontanhasAgenda 21, Capítulo 13Links da Montanha


Monumentos Geológicos

André Ilha (*)

O estado do Rio de Janeiro é um dos mais ricos de todo o Brasil em termos de monumentos geológicos notáveis. De fato, algumas montanhas fluminenses, pelas suas silhuetas formosas e situação privilegiada, tais como o Pão de Açúcar e o Corcovado, ambas na capital, adquiriram renome internacional. Inúmeras outras, contudo, merecem igual destaque; tantas, na realidade, que apresentaremos aqui apenas as mais expressivas de cada um dos principais maciços fluminenses.

Na Serra da Mantiqueira o maciço do Itatiaia, em boa parte protegido pelo parque nacional homônimo, tem no Pico das Agulhas Negras, com 2.797 m, o seu ponto culminante, sendo também o ponto mais elevado de todo o estado. Outras montanhas significativas do Itatiaia são as Prateleiras, a Pedra do Altar, e a Pedra Assentada, valendo ainda a menção às pequenas, porém curiosas, Pedra da Maçã, Pedra da Tartaruga e Asa de Hermes. Fora do parque, mas na mesma região, merecem destaque os dois cumes da Pedra Selada, no município de Resende.

Na Região Sul do estado elevam-se os íngremes contrafortes da Serra da Bocaina, que atingem grande altitude e formam diversos picos de inegável beleza, dos quais a Pedra do Frade reina absoluta em Angra dos Reis, enquanto que o Pico das Três Orelhas é uma das atrações do município de Mangaratiba.

Na Reserva Ecológica Estadual da Juatinga, em Parati, as escarpas saem diretamente do mar para atingir altitudes um pouco superiores aos mil metros no Pico do Cairuçu, em cujas cercanias encontram-se, provavelmente, alguns remanescentes de mata primária e muitas espécies ameaçadas de extinção, entre elas um pequeno grupo de muriquis – o maior primata das Américas. Não muito distante dali, na Ilha Grande, temos outra serra com montanhas de grande beleza, dentre as quais reina o Pico do Papagaio, com seu curioso formato.

A cidade do Rio de Janeiro é uma das áreas mais pródigas em montanhas do estado. Além dos já mencionados Pão de Açúcar e Corcovado, que dispensam maiores comentários, temos, no Parque Estadual da Pedra Branca os Dois Irmãos de Jacarepaguá, a Pedra Grande e a própria Pedra Branca, ponto culminante do município do Rio de Janeiro com seus 1.024 m; no Parque Nacional da Tijuca, que compreende as quotas mais elevadas da Serra da Carioca, o Bico do Papagaio, a Pedra da Gávea e o Pico da Tijuca (1.021 m) são os destaques; finalmente, na Reserva Florestal do Grajaú, sob administração estadual, a pirâmide quase perfeita do Perdido do Andaraí é verdadeiramente admirável.

Nas vizinhas Niterói e Maricá a Serra da Tiririca se eleva em relativo isolamento, sendo que o conjunto formado pelo Alto Mourão, pelo Morro do Telégrafo e pela Agulha Guarischi formam um cenário de cartão postal.

É na apropriadamente chamada Região Serrana do estado, contudo, que se encontra a maior concentração de formações rochosas de tirar o fôlego do estado do Rio de Janeiro.

Como pano de fundo da Baixada Fluminense ergue-se a Serra do Tinguá, imensa escarpa que abriga uma das maiores extensões contínuas de floresta ombrófila densa de todo o estado, e cujo ponto culminante é a Pedra da Congonha, em Xerém. Já Petrópolis ostenta uma impressionante coleção de gigantescos morros arredondados, dos quais se destacam a Maria Comprida, em Araras; o Alcobaça e o Mãe D’Água, em Correas; e o grupo de montanhas em torno dos morros do Taquaril e da Jacuba, na Posse.

É também em Petrópolis que começa a Serra dos Órgãos, que muitos consideram o mais belo maciço de montanhas do Brasil. Ela ganhou este nome por que os portugueses quando aqui chegaram, ao ver à distância os colossais pontões graníticos que a compõe, acharam que eles se assemelhavam aos tubos de um gigantesco órgão divino, o que talvez explique por que tantas de suas montanhas possuam nomes de santos ou de temas litúrgicos. Em sua maior parte protegida por um parque nacional, que tem uma longa tradição de bom relacionamento com os muito montanhistas que o freqüentam, a Serra dos Órgãos em geral, e o Dedo de Deus em particular, são ótimos exemplos de como uma paisagem natural bem preservada pode ser um trunfo econômico para uma cidade – no caso, Teresópolis, embora suas principais montanhas estejam em terras do município de Guapimirim.

São inúmeros os picos de grande beleza e elegância na Serra dos Órgãos. A vista clássica, na saída da cidade, inclui o Escalavrado, que conta com uma longa aresta livre de vegetação que parece o dorso de um gigantesco animal pré-histórico voltado para a estrada; o Dedo de Nossa Senhora, grande pontão que se situa um pouco mais longe; e o já citado Dedo de Deus, um pontão ainda maior e mais afilado, que tem ao seu redor os Dedinhos, elevações secundárias que ajudam no entanto a compor a grande mão divina da Região Serrana. Acima destes erguem-se picos cada vez maiores, como Cabeça de Peixe, Santo Antônio, São João, São Pedro... Mas a montanha mais impressionante da Serra dos Órgãos é, sem dúvida, a Agulha do Diabo, imenso punhal de granito apontado para o ar e apoiado em um pedestal cuja base fica a quase 1 km do topo da montanha. Ela se encontra rodeada de paredes igualmente altas nos vizinhos Garrafão, Coroa do Frade e na Pedra do Sino, ponto culminante do parque com 2.263 m.

A vizinha Friburgo também é repleta de monumentos geológicos únicos. Na localidade conhecida como Furnas, o Cão Sentado é uma pedra que guarda extraordinária semelhança com o objeto do seu nome, e a Pedra do Cônego é um grande morro arredondado no perímetro urbano da cidade. Mas é na fronteira entre Friburgo e Teresópolis que se encontram as montanhas mais espetaculares da região, em lugares como Salinas, Vale dos Frades e Bonsucesso. Em Salinas temos os Três Picos de Friburgo, sendo (o Pico Maior é o ponto culminante de toda a Serra do Mar) e o Capacete, impressionante conjunto de picos graníticos muito procurado pelos escaladores de todo o Brasil e mesmo do exterior. Além deles, a Caixa de Fósforos é um bloco solto de formato mais ou menos cúbico, com cerca de 20 metros de altura, precariamente equilibrado em um pedestal bem menor do que ele.

Abaixo da Caixa de Fósforos estende-se o Vale dos Frades, onde se destacam a gigantesca parede nua do Morro dos Cabritos e, do outro lado do rio, uma seqüência de montanhas apenas um pouco menores. Mais adiante, a Pedra D’Anta e os Dois Bicos do Vale das Sebastianas completam um cenário que é um dos mais belos, e também um dos menos conhecidos, de todo o estado. Outras elevações notáveis nos arredores, ambas no perímetro de Teresópolis, são os morros que formam a Mulher de Pedra e as Torres de Bonsucesso, na localidade homônima.

Seguindo em direção ao norte uma ou outra montanha se destaca na paisagem, como por exemplo a Pedra Manoel de Moraes, em Trajano de Moraes, mas chegando em Santa Maria Madalena é que tem início o último grande maciço do estado, a Serra do Desengano, cujo ponto culminante é o Pico do Desengano. Incluída no primeiro e maior parque estadual do Rio de Janeiro, ela no entanto encontra-se inacessível à população, pois a quase totalidade de suas terras ainda se encontra em mãos particulares.

Outras montanhas notáveis, que não poderiam deixar de ser mencionadas devido à sua imponência, são a Pedra Lisa, em Morro do Côco, Campos, espetacular agulha rochosa isolada; o Morro de São João, em Casimiro de Abreu; a Pedra do Frade, em Macaé; e a Agulha de Itacolomi, em Santo Aleixo, Magé.

(*) André Ilha é presidente do Instituto Estadual de Florestas – IEF (RJ)

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