Recuperação
da
Trilha da Pedra Selada
por
Antônio Leão
Voluntários
da Finlândia e de Resende trabalharam vários meses para recuperar
a trilha da Pedra Selada, um importante atrativo natural de Resende/RJ.
Com o objetivo de conter o avanço das erosões, que evoluíam
para desmoronamentos, foram contruídas contenções
com troncos de eucalipto e está sendo realizado um reflorestamento
nos trechos mais degradados.
Segundo Arne Tapio Turunen, gerente de projetos da Associação
Finlândia Brasil, a trilha exige um grande esforço
físico em um curto trecho de subida. Esta característica
inviabiliza mesmo um grande número de pessoas executando a obra,
que pode provocar um desgaste maior ainda da trilha. Por isso, o ataque
corretivo foi realizado de baixo para cima, corrigindo os degraus, alargando
passagens quase fechadas e desmoronadas, contendo encostas e escorando
degraus, de modo a aumentar o conforto e segurança dos voluntários
que transportam o material nas costas até o ponto de erosão.
A Pedra Selada possui 1.755 metros de altitude e está localizada
entre Visconde de Mauá e a região da Fumaça. O seu
nome deriva do seu formato semelhante a uma sela de montaria. Os voluntários
estão trabalhando na via de acesso mais utilizada. Ela começa
na fazenda do Sr. Alcebíades, situada 12 km após o Lote
10, Visconde de Mauá, na direção de quem vai para
o povoado do Rio Preto. A trilha da Pedra Selada é classificada
pelos montanhistas como uma caminhada semipesada. São 2.500 metros
de trilha íngreme. Parece pouco, mas este percurso pode demorar
aproximadamente 2 horas só na subida. Existe uma outra trilha vinda
da Bagagem, com cerca de 7 Km, e que é bem menos utilizada.
Nos levantamentos realizados pelos monitores de ecoturismo de Resende
nesta trilha, a erosão do solo foi apontada como um grave problema,
que exigia uma resposta urgente. Segundo Antônio Leão, coordenador
do Projeto Monitor de Ecoturismo, "o intenso pisoteio inicia o dano,
mas a simples interdição não recupera o caminho,
pois o escoamento das águas da chuva prossegue ampliando os sulcos
e canais. Os montanhistas de Resende nunca estiveram alheios ao problema
e, com a cooperação fundamental dos finlandeses, pudemos
realizar uma intervenção para proteger a trilha".
1ª Etapa: nov - dez/2003
Em 20 de dezembro de 2003, foi realizada uma visita de inspeção
na trilha da Pedra Selada. Este trabalho contou com o apoio da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Resende que disponibilizou uma Kombi para
o transporte da equipe. O trabalho envolveu medição da trilha,
fotografias, anotações dos trechos críticos e elaboração
de um croqui. Esta visita constatou a grave evolução das
erosões, principalmente nos 400 metros que antecedem a chegada
ao topo, área de maior declividade. O engenheiro Arne calculou
o material necessário, troncos de eucalipto, tratados em auto clave,
para realizar a contenção das erosões. Os resultados
foram apresentados à Prefeitura de Resende, através das
secretarias municipais de Meio Ambiente e Defesa Civil.
Uma equipe reunindo onze voluntários, vindos da Finlândia,
trabalhou na trilha entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro de 2003.
Logo no primeiro dia chegou o carregamento de eucalipto e as ferramentas.
Foi instalado um acampamento com duas grandes barracas do tipo militar.
O transporte do grupo e do equipamento foi realizado por viaturas da Secretaria
do Meio Ambiente de Resende. Parte do grupo se dedicou ao corte das toras
de eucalipto com o uso de moto-serra, enquanto os demais realizavam a
limpeza do caminho. Os voluntários transportaram as pesadas peças
para pontos pré-determinados onde instalaram cinco bancos para
os visitantes. No dia 28, foram construídos degraus no trecho inicial
(0-500 metros). Ao longo desta semana também foi confeccionada
a nova sinalização da trilha, em troncos de eucalipto que
foram pintados pela neta do Sr. Alcebíades.
Na semana seguinte, 2 a 5 de dezembro de 2003, foi realizada a construção
dos degraus feitos com troncos de eucalipto, como forma de diminuir a
velocidade das águas pluviais e de facilitar a ascensão
dos visitantes. Durante todos os dias, uma viatura da Secretaria do Meio
Ambiente entregou o almoço que as voluntárias preparavam
na Vila Eila, em Penedo. Um grupo de cinco trabalhadores do local foi
contratado para transportar a madeira trilha acima. No trecho mais crítico,
250-300 metros antes do cume, foi planejada uma intervenção
para conter uma grave erosão, também utilizando troncos
de eucalipto e serrapilheira.
No dia 9 de dezembro, o grupo retornou para a Pedra Selada para realizar
a contenção da grave erosão situada nos 300 m antes
do cume. Foi concluído o trabalho de estaqueamento com varas de
eucalipto, ancorando a vegetação e o solo arenoso. Nesta
mesma semana também foram instalados os troncos de eucalipto pintados
com a nova sinalização da trilha.
Nesta etapa, a Associação Finlândia - Brasil gastou
R$ 10.800,00 com as toras de eucalipto, fretes, mão de obra local,
alimentação, ferramentas, confecção de camisas
e outros.
2ª Etapa: dez/2003 - mar/2004
A segunda etapa da Recuperação da Trilha da Pedra Selada
começou no dia 20 de dezembro de 2003 e terminou em 20 de março
de 2004. Foi realizado um reflorestamento no trecho mais crítico:
250-300 metros antes do cume. Os voluntários plantaram dezenas
de mudas de candeia - árvore nativa bem adaptada à cota
dos 1.600-1.700 metros. Além da candeia, foram plantados exemplares
de aroeira pimenteira, angico vermelho, leiteira e cedro rosa. Este trabalho
conta com a participação do engenheiro florestal Luis Artur
e do técnico agrícola Marcelo Dertônio, ambos da Secretaria
do Meio Ambiente de Resende.
Para executar o plantio, os voluntários encararam, inúmeras
vezes, o caminho íngreme, geralmente sob sol forte e muito calor
e, além do peso das mudas, os trilheiros carregaram ferramentas
e muita água para molhar os pés de candeia. As crianças
ajudam em todas as tarefas, inclusive na coleta de serrapilheira, galhos
e folhas secas, que foram utilizadas para manter a umidade do solo, proteger
as mudas da força das águas e reforçar a proteção
das contenções feitas anteriormente. Todas as mudas foram
fornecidas pelo Horto Municipal de Resende, que é vinculado à
Secretaria do Meio Ambiente de Resende. As últimas visitas confirmaram
o sucesso dos trabalhos, visto que tanto as contenções como
o plantio suportaram as chuvas de verão.
Os técnicos acreditam que as mudas sobreviverão ao inverno
e está sendo articulado, com os excursionistas da região,
um revezamento para regar as mudas durante a estiagem. A idéia
consiste em que cada grupo transporte de 3 a 5 litros de água,
além do que consome, para molhar as árvores que foram plantadas.
Antônio
Leão
Coordenador do Projeto Monitor de Ecoturismo
Membro do GEAN Grupo excursionista Agulhas Negras
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